domingo, 13 de maio de 2012

Variações Linguísticas

         As línguas são heranças históricas que passam de geração para geração. No português encontramos um exemplo de variação histórica que seria a forma de tratamento que se usava para Reis no século XV: “Vossa Senhoria”. As variações da língua são relacionadas a diversos fatores como:
  • A faixa etária: palavras que variam ao longo das gerações, cada idade possui uma especificidade em sua fala. Um jovem de 18 anos não usa os mesmos termos que um homem de 40 anos, pois a língua se transforma com o tempo;
  • Gênero: homens e mulheres falam de maneiras distintas, de acordo com os padrões sociais que lhes são culturalmente condicionados;
  • Status socioeconômico: desigualdade na distribuição de bens materiais e culturais, que reflete em diferenças sociolingüísticas. Na maioria das vezes pessoas de status econômico mais baixo possui uma linguagem mais coloquial do que quem status mais alto;
  • Grau de escolaridade: anos de escolarização e qualidade da escola que freqüentou;
  • Mercado de trabalho: cargo ou atividade que um individuo desempenha dentro de seu trabalho;
  • Rede social: pessoas com quem convivemos e interagimos no nosso dia-a-dia.

         A variação lingüística portanto é resultado das interações sociais.
Mas de um modo geral podemos separar a variação em dois parâmetros: A variação geográfica (diatópica) e a variação social (diastrática), sendo que a primeira se relaciona com as diferenças percebidas entre os falantes de espaços geográficos diferentes e a segunda se relaciona com a
identidade dos falantes e também com a organização sociocultural, portanto entram fatores como a classe social, a idade, o sexo, a situação ou contexto social. Destacamos que a diastrática é o objeto de estudo da nossa proposta.

         Observamos que existem várias situações de fala, onde devemos saber diferenciar o tipo de linguagem que se deve utilizar em cada uma delas. Em uma situação como a defesa de uma tese, por exemplo, se deve usar a linguagem formal, já em uma conversa no barzinho com os amigos se usa a informal, que são dois pólos extremos e opostos. Os indivíduos devem saber quando devemos falar de um modo ou de outro, pois dentro da interação social o falante deve seguir as convenções, como saber quando deve falar e quando deve ouvir.

         A variação estilística ou registros são de acordo com camacho; adequação de formas de expressão no ato de enunciar, uma seleção dentro do saber lingüístico individual para definir a forma adequada a se usar, com certo grau de reflexão.

         Assim podemos ver que existem vários estilos em diversas situações e os nomes mais dados a esses estilos não são muito bem definidos, mas podemos utilizar alguns, como: formal, informal, coloquial, familiar, pessoal. Na situação em que esses estilos são utilizados deve-se levar em conta praticamente a cena onde ocorre as interações verbais.

         De acordo com Gnerre: “Uma variedade lingüística ‘vale’ o que ‘valem’ na sociedade por causa de seus falantes, isto é, vale como reflexão do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas e sociais”. (FIORIN, 2004, p.124).

         A relação entre variedade lingüística e estrutura social coexistem dentro de relações sociais que são estabelecidas na estrutura sociopolítica de cada comunidade. Dentro da vida social encontramos uma certa hierarquia, onde o que define a ordem dos grupos sociais é a variedade lingüística em uso.

         Sendo assim existem certas variedades que são consideradas superiores as outras. A língua culta é chamada de variedade padrão, e é interessante destacar que ela não é simplesmente a língua original, é o resultado de uma atitude social, onde o individuo escolhe um dos modos de falar entre os vários existentes e também por outro lado define um conjunto de normas que definem o modo correto de falar. Quem define o melhor modo e correto são os grupos socialmente dominantes. Historicamente, nossas sociedades são de tradição oriental, onde a linguagem predominante é a variedade padrão falada pelas classes sociais altas, de determinadas regiões geográficas, ou seja, corresponde com a variedade falada pela burguesia, pelos que estão nos centros do poder econômico e cultural. Porém, cada época define o que deve considerar como forma padrão, portanto a definição de “certo” pode mudar para adequado. Normas que não são padrões podem se tornar e vice-versa. Para a lingüística nenhuma língua é inferior ou primitiva, pois toda ela é adequada, é um meio para representar o mundo físico e simbólico em que pessoas vivem. Pode-se também fazer empréstimos lingüísticos no contato cultural com outros povos na formação de novas palavras ou de novos conceitos.

         Lembrando, toda língua é heterogênea e as variedades existentes são frutos históricos e presentes. Podemos dizer que os julgamentos sociais são de natureza política e social e não lingüístico. Para os lingüistas a variedade dos falantes de áreas rurais, por exemplo, não é considerada feia.

         Existe o chamado Preconceito Lingüístico, que possui um efeito negativo. Muitas vezes ocorre certa intolerância diante de uma palavra inadequada, de uma concordância verbal não realizada, entre outros exemplos, e não se pode rejeitar nenhum tipo de variação, pois de acordo com o senso comum existe um código (língua) que é adquirida diferentemente por cada individuo. Portanto existem vários conjuntos de variedades lingüísticas que estão em circulação na sociedade e nenhuma das variedades pode ser taxada de errada, pois não existe língua homogênea. Mas, é certo que algumas vezes os falantes devem adotar a variedade padrão em certas situações, como numa entrevista de emprego, por exemplo. Essa variação é chamada de variação diafásica.

         Entendemos então que devemos respeitar as variedades existentes e
sempre lembrar que a língua está em constante mudança.


       

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